Recuo no leilão do TAV, que ocorreria neste mês, foi motivado por incerteza de lances e por queda do ministro dos Transportes
O leilão do Trem de Alta Velocidade (TAV), que ligará Campinas, São Paulo e Rio, não vai mais ocorrer neste mês. Ainda não há definição de nova data para a licitação do projeto de R$ 34 bilhões, o mais caro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cuja entrega das propostas estava marcada para segunda-feira e o leilão em si no dia 29..
O sentimento na Presidência da República é de que há risco real de não aparecer nenhum investidor para entregar propostas na segunda-feira. Pesou na decisão também a queda do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.
A decisão é anterior à determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) de hoje, que impôs alterações ao edital que forçosamente levariam a um novo prazo para concorrentes.
Dirigentes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmam não terem sido ainda formalmente informados e que tudo está preparado para que a entrega das propostas ocorra na segunda-feira na BM&FBovespa, em São Paulo.
Depois da entrega das propostas, o leilão ocorreria formalmente no dia 29. “Se mantiver as datas, estamos preparados”, diz um dirigente da ANTT.
Empresas acham que preço é maior
A decisão tem origem na falta de interesse de investidores no edital nos moldes em que ele foi feito. A princípio, a divergência principal é sobre o valor do projeto, que, segundo estudo feito pelas cinco maiores construtoras do país, custaria R$ 50 bilhões, quase a metade a mais do que o governo prevê. Com preço maior, a rentabilidade seria menor para o investidor.
Nos últimos dias, as cinco grandes construtoras apresentaram suas preocupações à ANTT e garantem que não apresentarão proposta se o leilão ocorrer mesmo na segunda-feira, conforme previsto. Elas querem novas condições e um prazo mínimo de 50 dias para avaliá-las.
As construtoras dizem que aceitariam oferecer lances se as condições do edital mudassem e que, mesmo assim, precisariam de mais tempo para ter um consórcio formado.
Ontem, o consórcio TAV Brasil, o primeiro a manifestar interesse na obra e a ter uma proposta pronta ainda em dezembro – primeira previsão do leilão – protocolou uma nota na ANTT em que diz que também estará fora do leilão, se ocorrer segunda. Segundo Paulo Benites, coordenador do consórcio, o TAV Brasil pediu mais 45 dias para organizar documentos.
Também a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) protocolou pedido de adiamento do leilão ontem.